O lugar da mediação
O lugar da mediação
João Brites
No Dia Mundial do Teatro, por entre os sobressaltos de uma quarentena que não nos permite celebrar nas salas de espetáculos e auditórios de Portugal, apresentamos uma conversa com João Brites sobre o teatro, a arte, o outro, e as aventuras e desventuras de uma palavra, “mediação”, que nem sempre traduz fielmente o trabalho artístico e educativo de uma vida inteira.
João Brites é dramaturgista, encenador, cenógrafo e artista plástico. Em 1974, ano de todos os assombros, fundou o Teatro O Bando onde encena, desde então, a maior parte dos espetáculos produzidos por este grupo. O Bando começou por se dirigir à infância, num trabalho de descentralização que nunca abandonaria, e que ainda hoje se encontra no centro da sua existência. Diretor artístico, entre 1999 e 2008, do Festival Internacional de Artes de Rua, sediado em Palmela, foi ainda diretor da Unidade de Espetáculos da EXPO’98, programando muitas centenas de espetáculos de variadas áreas artísticas, de várias dezenas de países. Professor de atores na Escola Superior de Teatro e Cinema durante mais de 20 anos, orienta atualmente estágios e cursos de formação a propósito da consciência do ator em cena.
Em 2008, e representando o júri da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, que acabara de distinguir João Brites com o seu Prémio da Crítica, Maria Helena Serôdio sobre ele escreveu que nas suas “aventuras estéticas, que desenham em cena topografias imaginárias, o encenador não prescinde de parcerias criativas de repetida configuração (…) cumplicidades próprias de uma comunidade artística assumida em corpo inteiro. É essa a comunidade que, em Vale de Barris (Palmela), o seu ‘bando’ teima em construir, conjuntamente com artistas, público e gentes da terra, não descurando elos internacionais e uma genuína apetência pela auto-reflexão.“
Façamos então silêncio, abra-se o pano, e escutemos. E que viva o Teatro!